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Carlos Carvalho Arte Contemporânea, Stand D01

Quinta-feira 23 > 15:00 - 21:00 (Profissionais)
Sexta-feira 24 | Sábado 25 > 12:00 - 20:00
Domingo 26 > 12:00 - 19:00

Desde a década de 1970, muitos movimentos artísticos femininos aprofundaram a exploração das relações entre a prática artística e ecologia através das experiências coletivas, afirmando a emancipação feminina e criticando a opressão da cultura patriarcal. O projeto para ARCOLisboa destaca, através do trabalho de três artistas mulheres, como a relação entre arte, feminismo e ecologia continua a assumir relevância nos dias de hoje. Aspectos essenciais da abordagem artística de Mónica de Miranda são a relação entre o indivíduo ou coletivo e o ambiente natural, a associação tradicional do feminino com as forças da natureza, histórias coloniais e destruição ambiental. Na instalação "Prospecção #4", Susana Gaudêncio desenhará diretamente na parede da exposição, aludindo às vitrines de exposição de museus etnográficos e de história natural. Este trabalho faz parte do projeto de arte colaborativo e ativista na Serra d'Arga que a artista tem vindo a desenvolver desde 2022. A investigação abrange atividades de mineração que exploram aqueles que resistem em nome dos ecossistemas naturais e das culturas locais, usando práticas artísticas e metodologias mistas, como encontros, trabalho de campo, abordagens relacionais e performativas. Maria Condado desenvolverá a ideia do herbário como fonte de conhecimento de usos, práticas no universo feminino usadas como estratégias feministas. 

Maria Condado

Para Maria Condado, a paisagem excede a composição visual sendo um terreno vasto e profundo de exploração, onde não apenas os elementos pictóricos, mas também os aspectos políticos e sociais se relacionam. O jardim não é apenas um espaço natural construído, mas sim o reflexo de um sistema: é o produto das culturas e das experiências humanas que moldaram e influenciaram a sua forma e a sua função. Cada elemento do jardim, desde as plantas até as estruturas, carrega consigo um significado que revela diferentes maneiras de ver e interagir com o mundo. Para a artista trata-se se compreender e questionar as dinâmicas sociais e culturais que moldam a forma como percebemos e nos relacionamos com o ambiente ao nosso redor.

A artista tem apresentado amplamente o seu trabalho no contexto nacional, destacando-se as exposições Revolução na Noite (Centro de Arte Oliva, 2024), O Sono de Debussy (Galeria Carlos Carvalho, Lisboa, 2022), A Play of Boundaries (Galeria Carlos Carvalho, Lisboa, 2018), Uma loja, cinco casas, uma escola (Casa Bernardo, Caldas da Rainha, 2016), Ensaios sobre a (in)flexibilidade do natural – parte 2 (Ministério do Ambiente, Lisboa, 2014), Onde é a China? (Museu do Oriente, Lisboa, 2016), 16º Programa de Exposições (Carpe Diem Arte e Pesquisa 2009), Hangart 7 (Salzburg, Áustria, 2009), Vestígio (Pavilhão 28, Hospital Júlio de Matos, Lisboa, 2005), Selecionados II Prémio de Pintura do Banco Rothschild – Palácio das Galveias, Lisboa (cat). Está presente em diversas colecções tais como Fundação PLMJ,  Lisboa, Coleção Norlinda e José Lima, São João da Madeira, Grupo RAR, Porto e coleções privadas em Portugal, França e Áustria. “Hortus” é o seu livro de artista editado em 2016 pela Stolen Books Editora, Lisboa.

Herbário fantasma, 2024
acrílico e spray acrílico s/papel, 70 x 100 cm

Nesta nova série de trabalhos concebidos exclusivamente para a ARCOLisboa, Maria Condado desenvolverá a ideia do herbário como fonte de conhecimento de usos, práticas no universo feminino usadas como estratégias feministas. Nestes trabalhos apresentados em papel, a ausência do traço ou do claro-escuro confere-lhe uma qualidade de abstração amplificando a componente sensorial onde a textura das pinceladas e a interação entre as cores tornam-se protagonistas. A ausência do risco do desenho e opção pela mancha obtida com a técnica de spray alude à inscrição de uma mensagem, tatuando-a na bidimensionalidade da superfície pictórica. Esta opção está relacionada com uma afirmação política e uma prática de resistência e de contestação no espaço urbano.

Herbário, 2024
Técnica Mista, 60 x 42 cm
Herbário, 2024
Técnica Mista, 60 x 42 cm
Herbário, 2024
Técnica Mista, 60 x 42 cm
Herbário, 2024
Técnica Mista, 60 x 42 cm
Herbário, 2024
Técnica Mista, 60 x 42 cm
Herbário, 2024
Técnica Mista, 60 x 42 cm
Herbário, 2024
Técnica Mista, 60 x 42 cm
Herbário, 2024
Técnica Mista, 60 x 42 cm
Herbário, 2024
Técnica Mista, 60 x 42 cm
Herbário, 2024
Técnica Mista, 60 x 42 cm
Herbário, 2024
Técnica Mista, 60 x 42 cm

Mónica de Miranda

Mónica de Miranda (Porto, 1976) é uma artista visual, cineasta e pesquisadora portuguesa/angolana, cuja prática é baseada na interdisciplinariedade e no olhar crítico sobre a convergência entre a política, o género, a memória, o espaço e a história. O seu trabalho abrange o desenho, instalação, fotografia, cinema e som, nos limites entre documentário e ficção. A artista investiga temas como estratégias de resistência, geografias do afeto, narração de histórias e ecologias de cuidado.

É fundadora do Hangar (2014), um centro de arte e pesquisa em Lisboa. Os programas do Hangar proporcionam espaços onde artistas, curadores e investigadores, principalmente do Sul Global, podem co-criar e construir redes sociais e criativas para beneficiar suas comunidades.

Como artista e co-curadora do projeto Greenhouse, Mónica representa o Pavilhão de Portugal na Bienal de Veneza de 2024.

O seu trabalho foi apresentado em grandes eventos internacionais como: 6ª Bienal de Lubumbashi; 12ª Bienal de Berlim; 12ª Bienal de Dakar; 5ª Bienal Internacional de Arte Contemporânea de Casablanca; Encontros de Bamako - 13ª Bienal Africana de Fotografia; 14ª Bienal de Arquitetura de Veneza; BIENALSUR 2021; Houston FotoFest 2022; 18ª Fotografia Europea, Reggio Emilia.

Realizou várias exposições individuais e coletivas destacando-se as realizadas na CAIXA Cultural, Rio de Janeiro; Bildmuseet, Umeå; Fundação de Arte Kadist, Paris; Gulbenkian, Lisboa; MUCEM, Marselha; AfricaMuseum, Tervuren; MAAT, Lisboa; MUAC, Cidade do México; Barbican, Londres; Autograph, Londres; Frac pays de la Loire, Nantes; Museu de Uppsala, Suécia; MNAC, Lisboa; Instituto Cultural Camões, Luanda, entre outros. O trabalho de Mónica de Miranda está presente em coleções públicas e privadas em todo o mundo.

O som do vento é a minha casa (série greenhouse), 2024 Impressão jacto de tinta sobre papel de algodão, 80 x 120 cm, Ed. 3

A série apresentada na ARCOLisboa, que faz parte do projecto GREENHOUSE em exposição no Pavilhão de Portugal na Bienal de Veneza, destaca o solo como elemento carregado de memórias, sendo testemunho, desde transformações geológicas até aos conflitos históricos e práticas de resistência. Expondo a conexão entre regeneração do solo e luta de libertação, a série é inspirada no compromisso de Amílcar Cabral com a relação da proteção do meio ambiente e a luta pela independência política das colónias africanas.

Recupera o conceito de "jardim crioulo" de Édouard Glissant como uma alternativa ao conceito tradicional de jardim europeu que pretende ser ordenado, homogéneo e controlado. O "jardim crioulo" é um espaço de crescimento orgânico, onde diferentes elementos coexistem e se entrelaçam de forma fluida e dinâmica. Representa assim uma visão do mundo que valoriza a diversidade, a multiplicidade e a interconexão entre culturas, ao invés de buscar uniformidade ou assimilação. É um espaço onde as diferenças são celebradas e onde a identidade é entendida como algo em constante processo de transformação e reinvenção.

 

MÓNICA DE MIRANDA - Representação Portuguesa na 60ª Bienal de Veneza:

Greenhouse project

PRESS Clipping

 

 

 

Creole Garden da série greenhouse, 2024
Impressão jacto de tinta sobre papel de algodão
120 x 80cm, Ed. 3
Mónica de Miranda "Jardins crioulos" da série "Greenhouse"  em https://pt.euronews.com/
Routes to the roots, da série greenhouse, 2024
Impressão jacto de tinta sobre papel de algodão
66 x 100 cm, Ed. 3 
Ground, da série greenhouse, 2024,
Impressão jacto de tinta sobre papel de algodão
66 x 100 cm, Ed. 3
Crossing, da série greenhouse, 2024
Impressão jacto de tinta sobre papel de algodão, 66 x 100 cm, Ed. 3 

Susana Gaudêncio

O trabalho de Susana Gaudêncio está normalmente envolvido numa prática de investigação e numa abordagem combinada de suportes artísticos tais como desenhos, animações em vídeo, gravuras, livros ou publicações apresentados num contexto de instalação. Os seus projetos pensam sobre a relação entre o legado histórico de conceitos como: o impulso utópico, a utopia, a distopia, a heterotopia, a estranheza, o nomadismo e a produção artística como uma plataforma para encontrar novas possibilidades de questionamento da utopia enquanto dispositivo crítico eminentemente político.

Susana Gaudêncio lives and works in Porto. She holds a degree in Painting from FBAUL. She earned a Master's degree in Fine Arts from Hunter College-City University of New York, as a scholarship recipient from FCG and FLAD. She holds a Ph.D. from FBAUL with support from FCT. Her research focuses on the theme "Machines of Imagining: The Utopian Impulse in Contemporary Art." She is a member of the collectives Pessoa Colectiva with Mafalda Santos and Círculo das Leitoras Peripatéticas with Susana Pomba and Sofia Gonçalves.

Her solo and group exhibitions include: Centro de Artes Visuais, Coimbra (2004); ISE Foundation, New York (2009); Museu da Electricidade (2009, 2014); Gulbenkian Museum (2010, 2016); Museu do Chiado, Lisbon (2012); SESC Pinheiros, São Paulo (2015); Galerie der Künstler, Munich (2016); Centro de Artes de Sines and Centro Cultural Emmerico Nunes, Sines (2017); Museu do Neo-Realismo (2018).

She has published several books, including Época de estranheza em frente ao mundo (2012, DOIS DIAS ed.); Luz Perpétua (2014, Fundação EDP); Itinerário Histórico do 25 de Abril (2016, Parsifal ed.); Estação Vernadsky (2017, DOIS DIAS ed.); and Páginas Inquietas. Sobre Documentos Insubmissos (2019, DOIS DIAS ed.). She coordinated the Artistic Residency and Exhibition project Estação Vernadsky with Soraya Vasconcelos. She curated, as part of Pessoa Colectiva (Mafalda Santos & Susana Gaudêncio), the exhibition O Princípio da Inércia at the Pavilhão Branco, Lisbon (2012); with Ana João Romana, the exhibition Viagens de livros. O livro de artista nos 25 anos da ESAD.CR at MiMO, Leiria (2015); and with Mário Moura the exhibition Páginas Inquietas. Sobre Documentos Insubmissos at Espaço Mira, Porto (2016).

She is a professor at ESAD in Caldas da Rainha (IPL), where she teaches in the Department of Fine Arts. Her work is represented in national collections such as the Calouste Gulbenkian Foundation, EDP Foundation, PLMJ Foundation, among others.

Prospecção #4, 2024, grafite s/impressão serigráfica em papel, desenhos/incisões em lastras de barro cozidas (cerâmica), objetos em gesso cerâmico e barro, dispositivos de exposição em madeira (prateleiras e outros)

A obra Prospecção #4 de Susana Gaudêncio, em estreia na ARCOLisboa, detém-se fundamentalmente na observação de um conjunto de plantas invasoras no território da Serra d’Arga, utilizando a sua atuação no ecossistema de Covas, como metáfora para a invasão da paisagem do processo recente da prospecção do lítio.

Apresentam-se desenhos, (em papel e lastra cerâmica) que remetem para os espécimes da flora invasora e os minérios existentes neste lugar. Os objectos cerâmicos evocam os instrumentos utilizados na indústria da mineração de volfrâmio que aí operava e da indústria hidroelétrica, bem como outros elementos encontrados nesse território.

São apresentados dispositivos de apresentação dos objetos e desenhos em madeira e um desenho inscrito diretamente na parede que alude às vitrines de exposição utilizadas em museus etnográficos, de história natural, etc.

A instalação foca-se em temas que partem do projeto de investigação artística em curso na freguesia de Covas, Vila Nova de Cerveira, Serra d’Arga que a artista tem vindo a desenvolver desde 2022. A investigação incide sobre a atividade da mineração (ex: prospecção de lítio; extracção do volfrâmio) e a exploração da energia hidroelétrica no território da Serra d'Arga, e sobre quem, em nome do equilíbrio dos ecossistemas naturais e das culturas locais, lhes faz frente.

Montanha, 2023
gesso cerâmico, barro, medidas variáveis
Ogivas, 2023
gesso cerâmico, barro, medidas variáveis
O sopro e o grito, 2022
Grafite s/papel, 30x42cm
O sopro e o grito, 2022
Grafite s/papel, 30x42cm
O sopro e o grito, 2022
Grafite s/papel, 30x42cm
O sopro e o grito, 2022
Grafite s/papel, 30x42cm
O sopro e o grito, 2022
Grafite s/papel, 30x42cm
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