Os trabalhos apresentados nesta exposição da Coleção são quase todos grandes formatos, ocupando a galeria de modo a favorecer também o princípio da instalação, inerente a três deles.
Fala-se de espaços verdes para referir os jardins e zonas de respiração nas grandes cidades, mas tornar a ideia extensível a bosques, matas e florestas, favorece, no nosso próprio mundo interior, a necessária relação que todos os seres vivos estabelecem entre si, em proximidade ou à distância, no mundo vegetal.
A instalação de Gabriela Albergaria define a tonalidade desta seleção: remetendo para o mundo das árvores, interroga os modos estandardizados de o fazer, de pensar o ócio e o estudo no seu contexto, a manipulação, o transporte, a apropriação e a hierarquização humana desses locais na natureza.
A natureza «domesticada» de Catarina Leitão é também um olhar crítico sobre a acomodação da vegetação na cidade. Rui Vasconcelos ostenta o tempo muito longo exigido pela minúcia no preenchimento duma mancha verde. Na obra de Pedro Calapez, os sulcos na tinta desenham a arquitetura instável e noturna de uma floresta em processo de dissolução. O perímetro dos troncos no desenho de Gil Amourous assegura estabilidade a elementos também muito fluidos. Nos tecidos de Ilda David’ as linhas coloridas bordadas dão corpo a breves e vagos motivos vegetais.
Drawing Room
Centro de Arte Moderna Gulbenkian