Studio Socialis analisa as representações sociais do atelier do artista e interroga sobre os limites físicos e operacionais que separam ou pelo contrário conectam a arte e outras formas de atividades criativas e profissionais. Através de uma metodologia de pesquisa de campo que envolveu a realização de uma série de entrevistas com vários profissionais nos respectivos locais de trabalho, do Carmo reúne múltiplos pontos de vista de indivíduos fora do mundo da arte e constroi através destes um retrato coletivo de estúdio do artista. A referência espacial para o estúdio torna-se um dispositivo que acciona ideias sobre a natureza do trabalho do artista entendido num sentido mais amplo e sobre seu / sua contribuição para a sociedade. Do Carmo procura detectar as oportunidades de colaboração com seus entrevistados, trazendo inclusivamente à conversa projetos hipotéticos com eles. Neste caso, seriam os entrevistados se tornariam co-criadores do trabalho? Se sim, quais são as consequências artísticas e éticas? Será a ideia de ‘ateliê de artista “um conceito nómada que pode ser activado em qualquer espaço apropriado pelo artista, seja este uma cozinha de um restaurante, um laboratório científico ou um escritório de um psiquiatra?
Estes encontros são transformados em duas obras de vídeo, cada um com sua série de desenho correspondente: no Documento n º 1 mostram-se os espaços de produção das pessoas entrevistadas (laboratório, escritório, garagem et al.). Neste documento os entrevistados discutem o estúdio do artista ideal (e a partir do qual corresponde um desenho); no Documento n º 2, os entrevistados são mostrados a discutir uma possível colaboração com o artista.
Excertos seleccionados a partir de entrevistas captadas são impressas na parte inferior do papel nos desenhos, cada uma paralela às obras de vídeo. Figuras de cabeças emergem do campo em branco do papel, situado acima dos textos, com os olhos por vezes espelhando as relações entre artista / entrevistado / estúdio descrito no texto impresso abaixo, enquanto que noutras vezes, mantem-se vazio, um espaço em branco em potência para ser preenchido pelo espectador.


