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O artista constrói um repertório de imagens em que associa a arquitectura, a escultura, a fotografia e a instalação. Iniciou o seu percurso questionando a relação antropomórfica entre o corpo e a casa, confronto que originou um conjunto de questões que são a base do seu trabalho. E por isso, baseando-se neste pressuposto, mostra como a apreensão da realidade não é objectiva mas difere de acordo com a sensibilidade do sujeito, ou seja, a percepção está intrinsecamente relacionada com a experiência individual e só existe em função desta. O que Blasco nos vem mostrar é que a realidade não pode ser explicada seguindo um modelo racional construído a partir de um ponto de vista neutral e distanciado. Este entendimento é sempre condicionado pelo observador cuja elaboração existe de acordo com um contexto. E é neste campo de considerações que recorre à tridimensionalidade para oferecer novas perspectivas ao objecto fotografado.

No seu processo de trabalho elabora construções tridimensionais reinventando espaços interiores e ambientes urbanos que se iniciam na captação de imagens de, por exemplo, um ângulo de um quarto privado para, a partir daí, criar um novo espaço reformulando a perspectiva e distorcer a presença de uma única linha de visão. Estes trabalhos resultam no desdobramento de estruturas através da fragmentação e manipulação da superfície, pelo uso das assimetrias e ordens geométricas múltiplas, que envolvem as superfícies numa métrica descontínua. 

As obras de Isidro Blasco agem em sentido contrário à expectativa visual do observador forçando-o a entender a imagem da realidade através da pulverização em pequenas imagens e logo apresentando-se em assimetria e instabilidade. A desobstrução destas expectativas tradicionais de visão orientam a atenção do observador para uma espécie de para-visualidade que permitem outras leituras.

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