""Fading” é uma exposição sobre a memória e o desaparecimento. Trata-se de um conjunto de fotografias de animais selvagens no seu habitat natural, tiradas ao longo de 12 anos em 14 países como Cuba, Brasil, Quénia, México, Canadá, Zimbabué, Botswana, EUA, Argentina, Indonésia, Maldivas, Equador (Galápagos), Colômbia e Sri Lanka. São fotografias a preto e branco, com uma elipse preta esbatida à volta de uma imagem central, que alude a um processo cinematográfico de desaparecimento da imagem. São fotografias que guardam a memória de vultos, de corpos, de cheiros, de horizontes, de espectros de luz, de contrastes e de experiências emotivas de múltiplos encontros com animais selvagens, tão diversos, mas também tão próximos de nós humanos na biologia, no comportamento, nas expressões, nos olhares e no nosso destino comum. São seres que veem os seus habitats a desaparecer de forma dramática, pela desflorestação, pela caça, pelas culturas, pela criação de gado, pela sobrepopulação humana e pelas alterações climáticas. Não se trata de representações de animais nem de fotografias da natureza, mas sim uma reinterpretação de imagens fugazes, de memórias em evanescência, de um mundo em desaparecimento, que é o nosso. Estas imagens são um ritual de separação, um grito de dor perdido num coro imenso, que pretende acordar as pessoas para estas ameaças que pairam sobre o nosso futuro e sobre o futuro das gerações vindouras.
Esta exposição será complementada com um vídeo a cores onde o bailado subaquático de leões marinhos e tartarugas gigantes será intercalado com dados sobre a degradação dos ecossistemas e o risco de extinção de animais e plantas. O processo de captura destas imagens envolve uma contradição, porque o turismo em zonas selvagens contribui, em si mesmo, para este processo de destruição, mas esse facto é algo que tem que ser assumido e esta exposição é uma indelével redenção dessa consequência.
Luís Campos
Luís Campos (Lisboa, Portugal, 1955)
Realizou a primeira exposição individual em 1981, em Lagos, a convite do pintor Joaquim Bravo. Membro do grupo “Ether” em 1982, onde fez um ciclo de Estudos sobre História da Fotografia com António Sena. Desde então realizou 23 exposições individuais e participou em 52 exposições colectivas em Portugal e no estrangeiro destacando-se, entre outras, a I Bienal de Arte em Joanesburgo, a primeira mostra de arte contemporânea pós-apartheid, Canal Isabel II e Fundação ICO, em Madrid, Kunstmuseum, em Bona, Staatliche Gallery, em Halle, Museu Nacional de Arte Contemporânea da Coreia, em Seoul, e Parc de La Vilette, em Paris. Foi artista da Galeria Luís Serpa, até à morte deste galerista. Está representado nas coleções da Fundação PLMJ, António Cachola, Museo Extremeño e IberoAmericano de Arte Contemporâneo (MEIAC) de Badajoz, Museu da Imagem em Braga, Museu de Arte Arquitectura e Tecnologia (MAAT) e Fundação Gulbenkian, entre outras. Recebeu em 2002 a Medalha do Conseil Général des Hauts-de-Seine no Salon d`Art Contemporain de Montrouge.