Catarina Leitão (Estugarda, 1970) é uma artista cuja obra é estruturada em torno do desenho, a escultura, a instalação e o livro. A artista tem exposto o seu trabalho em locais como a Galeria Carlos Carvalho, P.S.1/MoMA, Aldrich Museum, Connecticut, Socrates Sculpture Park, Wavehill, Glyndor Gallery and Grounds, Andrea Rosen Gallery, Michael Steinberg, Galeria Pedro Cera e Bronx Museum entre outros espaços. Conta com exposições individuais na colecção Berardo e no Museu Calouste Gulbenkian. Entre prémios e residências destacam-se The New York Foundation for the Arts Fellowship, 2009, Center for Book Arts, 2007, Triangle Arts, 2006, Sharpe Foundation, 2004, Lower Manhattan Cultural Council, 2003, Pollock-Krasner Foundation Grant, 2001, Fundação Calouste Gulbenkian e Fundação Luso-Americana, 1997-1999. Leitão tem um mestrado pelo Hunter College (2000), e concluiu o curso de Pintura na FBAUL (1993).
“As obras de Catarina Leitão acentuam o facto de que toda a paisagem é humanizada — independentemente do grau de intervenção técnica sobre ela exercida, é uma consciência que lhe é exterior que a define e lhe dá o estatuto de paisagem. Por isso, numa realidade em que toda a paisagem é artificial/izada e só o bom equilíbrio entre os factores naturais e os humanos (técnicos) permitirá ultrapassar na apreciação estética a dicotomia entre o belo abstracto e sem condições kantiano, insuportável (ou insustentável) face à desregulação actual do mundo e todas as posições moralizantes e censórias que ameaçam a liberdade de criação e pensamento. Catarina Leitão oferece ao espectador um sistema de transfer entre a representação (na estrita codificação gráfica das montanhas e na artificialização escultórica dos ramos) e o real referencial propriamente dito. Mas se apreciar uma paisagem é uma experiência total, que nem a pintura que vemos numa galeria nem estas obras, de Catarina Leitão, que nascem fora da classificação clássica do paisagismo, nos proporcionam; é também uma experiência que não pode ser sujeita a considerações morais." João Pinharanda
A artista deixa-nos assim no cruzamento dos vários caminhos: ao mostrar-nos e ao retirar-nos alternadamente esse real, ao seduzir-nos pelo tema e pelas formas e ao frustrar-nos pela artificialização dos objectos criados a artista permite que o espectador faça os caminhos inversos (as operações) aos que deram origem às suas obras. A artista incita-nos a sair da galeria, a deixarmos de ser meros visitantes a desejarmos ser, como ela, caminhantes activos numa paisagem total da qual vamos tentar entender (a efemeridade e a perenidade d)os sentidos.” João Pinharanda