Pires Vieira

A primeira exposição individual do artista na galeria Carlos Carvalho será composta pelas duas mais recentes séries de trabalhos. 

Desde o início da década de 1970, Pires Vieira (Porto, 1950) tem vindo a construir um percurso de trabalho sólido e coerente que se move em torno do questionamento da pintura e da expansão dos seus suportes e conteúdos. Em comum às suas várias séries de obras, o desafio ao espectador e o desejo de subverter e perturbar as normas e convenções estabelecidas através do alargamento e questionamento do campo pictórico. É por isso que desenvolve o seu trabalho não só no formato tradicional da pintura, mas também através da escultura e da instalação.

Nas duas novas séries, Geometrias III e IV, apresentadas nesta exposição, Pires Vieira sobrepõe planos sobre planos, por vezes referindo-se a pinturas clássicas da história da arte, num interesse marcadamente expressionista. O artista opta por criar uma tensão sensorial com o observador pela opção matérica caracterizada por uma superfície compacta e de textura sólida. Enquanto que, em Geometrias III, esta presença da sobreposição revela uma indagação sobre o visível, num jogo de movimento, em Geometrias IV prevê uma ocultação de planos que parece mostrar, num primeiro olhar, uma composição objectiva, racional, com planos ortogonais e mancha de cor quase única. Estas peças compõem uma linha de tempo, obras que são vedadas ao público porque escondidas numa saturação da cor e da densidade da matéria. Em todas, a repetição de registos, embora com alterações mínimas, mantém-se como prática de trabalho do artista que é marca da sua vontade de investigação contínua e persistente.

Dentro das cerca de 45 exposições individuais que realizou destacam-se 'Trash - Lixo de Artista', no Museu Coleção-Berardo, 2019, 'Pires Vieira Antológica', da pintura à pintura, no MNAC - Chiado e na Fundação Carmona e Costa, ‘Faites vos jeux, Rien va Plus' na Sala do Veado no MNHN, 'Like a Painting - Up Close... It is a Big Mess', na Appleton Square, em Lisboa; 'Pires Vieira', no Pavilhão Branco do Museu da Cidade; 'Talk to Me', no CAM-Fundação Calouste Gulbenkian, 'Geometrias' na Fundação Museu das Comunicações. Em relação às cerca de 75 colectivas, podemos referir  'Histórias: Obras da Colecção de Serralves', Museu de Serralves; 'Exposição Permanente (1969/2010)', Museu Berardo, CCB; 'Um Percurso, Dois Sentidos', no MNAC/Chiado; 'Linguagem e Experiência', no Centro Cultural Palácio do Egipto, no Museu Grão Vasco e no Museu de Aveiro; 'Alternativa Zero', na Galeria Nacional de Arte Moderna, organizada por Ernesto de Sousa. Está representado em inúmeras colecções como: CAM-Fundação Calouste Gulbenkian, MNAC/Chiado, Culturgest/CGD, Colecção/Museu Berardo, Fundação/Museu de Serralves.

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